sábado, 30 de outubro de 2010

A vida em 140 caracteres

  Em tempos de twitter, facebook, orkut, e outros sites de relacionamentos, nos acostumamos a resumir emoções e situações do dia-a-dia em 140 caracteres. Essa, aliás, é uma característica das sociedades modernas, cuja vida encontra-se, hoje, totalmente atrelada à tecnologia advinda de computadores e celulares ultraequipados. Isso sem falar na própria correria rotineira, que fomenta a necessidade de nos resumirmos cada vez mais. Entretanto, não podemos confundir a síntese das nossas atividades através dos meios de comunicação, com a simplicação dos nossos sentimentos como um todo, sob pena de nos tornarmos seres humanos acometidos do que chamo de "neoautismo", isto é, uma afetação da capacidade de comunicação e de relacionamento dos indivíduos, oriunda de uma vida de relação cada vez mais segregada e individualista.
   Na atualidade, é comum encontrarmos crianças e adolescentes que nunca jogaram bola na rua, brincaram de "pique", bolinha de gude, ou taco. Muitos, sequer, sabem o que são alguns destes jogos. Percebam que não estamos falando, aqui, de modalidades antiquadas de atividades infantis. Tratam-se de brincadeiras infanto-juvenis que demandam um relacionamento entre pessoas para que possam ocorrer, e que, com o passar dos anos e o desenvolvimento da tecnologia, estão cada vez mais deixadas de lado, para dar lugar a fantásticos, porém não menos ofensivos à saúde, jogos de computadores e video games. E como resultado da simplificação das brincadeiras, vemos sedentarismo, a obesidade e dificuldades de relacionamentos nestes grupos.
   Mas não só esta parcela da população inspira cuidado. Jovens e adultos estão igualmente sujeitos ao "neoautismo", em outras proporções, é claro. Isso porque passam a adotar, para suas vidas, o ideário da sitetização de atividades rotineiras, mas não param por aí. Pelo contrário, hoje em dia, o que mais se vê nas relações familiares, amorosas e de amizade são pessoas simplificando também seus sentimentos, o que podemos observar quando não expressamos o quanto gostamos de alguém, quando deixamos de dizer algo que nos deixa felizes para o outro não pensar que estamos vulneráveis, ou mesmo quando não visitamos um amigo por preguiça, afinal, podemos nos comunicar por telefone, MSN, ou facebook.
   É uma pena que a sociedade esteja permitindo este novo tipo de relacionamento (ou mesmo a extinção dos próprios relacionamentos), baseado em superficialidade, indivudualidade, medo, dificuldade de entrega. Amar e se relacionar, em todos os seus aspectos e ramificações, é tão bom, gratificante, fortalecedor. Por isso não podemos confundir as coisas. Sintetizar os problemas que o dia-a-dia nos submete, ou mesmo resumir algumas atividades rotineiras burocráticas, é extremamente válido, e devemos nos valer das benesses que a tecnologia nos oferece para isso. Mas não façamos de nossos sentimentos e relacionamentos uma página de resenhas. Pratiquemos, diariamente, o amor, o afeto, a comunicação da forma mais integral possivel! Uma boa forma para fazermos isso? Quando disserem a você "Te amo", nunca devolva com um singelo "Também", ou, pior ainda, com um "tb". Economize caracteres menos importantes, para que você possa, com todas as letras, dizer: "EU TAMBÉM TE AMO, MEU AMOR"! Convenhamos, ainda que saibamos que aquele ser nos ama, é sempre bom ouvir ou ler, não é mesmo?
   E para encerrar, vale a pena postar algumas palavras citadas por Dalai Lama, conhecidas por muitos usuários da internet:
   "Ame profundamente e com paixão. Você pode se machucar, mas é a única forma de viver a vida intensamente".
   Bom fim de semana a todos, e um excelente feriadão!

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

"Missão dada é missão cumprida!"

   Esta semana fui ao cinema assistir a "Tropa de Elite 2".
   Além do filme, em si, ser maravilhoso, não podemos deixar de lado o pano de fundo da película estrelada, brilhantemente, por Wagner Moura: a corrupção que assola todos os entes da federação, em todas as esferas de Poder.
   Nunca devemos generalizar nossos discursos, pois, ainda que em minoria, sempre há alguém que se salva no antro de ilegalidade e sujeira que se tornaram Executivos, Legislativos e Judiciários de todo o país; isso seria, no mínimo, injusto com aqueles que tentam, embora infrutíferamente, lutar contra os desmandos de tão potente corja.
   Mas não podemos deixar de observar que a corrupção, no Brasil, foi, é, e, muito provavelmente, continuará sendo o grande mal da nossa sociedade, tudo isso por uma questão cultural.
   Aqui, desde cedo, aprendemos a chamada "cultura do se dar bem". Ainda criança nos ensinam que a vida em sociedade é cruel, e, por isso, devemos estabelecer formas de nos destacar perante os demais, não importando em que bases faremos isso.
   E, neste momento, a educação dada pelos pais se mostra imprescindível. O quadro acima descrito é o que vemos de maneira geral, nas ruas, nas escolas (muitas vezes), e nas rodas de amigos. Mas os ensinamentos oferecidos pelos pais aos seus filhos têm o poder de contrabalançar os males da realidade, e, por isso, são primordiais às crianças e adolescentes em formação.
   Temos a obrigação de ensinar aos nossos filhos que a luta por um lugar ao sol, quer na vida profissional, quer na pessoal, deve pautar-se em princípios ético, morais e de honestidade, ainda que olhemos para o lado e vejamos indivíduos agindo contrariamente a estes padrões. Só assim eles estabelecerão limites entre certo e errado, e poderão conduzir toda a sua vida de relação em preceitos dignos e respeitosos.
   No entanto, infelizmente, na atualidade,não é isso que se observa em grande parte das famílias brasileiras.
   E, aqui, não me refiro somente às classes menos abastadas da população, mas também, e principalmente, àquelas que acreditam que colocar seus filhos em escolas trilingues, ao custo mensal de R$ 3.000,00, as isenta de qualquer responsabilidade educacional e social. Hoje, com muita frequencia, vemos pais outorgando o dever de educar, que lhes é inerente, às instituições de ensino, por acreditarem, sinceramente, que isso, por si só, será suficiente à conferir uma considerada "boa educação" a seus filhos. Ledo engano!
  Não há qualquer dúvida que os ensinamentos conferidos no âmbito familiar, assim como as demonstrações de afeto e carinho na mesma entidade, são de suma importância à formação de adultos conscientes politica e socialmente.
   Por certo, a boa educação familiar não nos exime de ver pessoas, cujas origens nela se pautam, seguirem o chamado "mau caminho". Há, neste aspecto, o fator índole, que acredito estar presente em alguns casos. Entretanto, isso não afasta a necessidade, e, sobretudo, a obrigação de ensinarmos nossas crianças a conduzirem suas vidas sob o manto da legalidade, solidariedade e dignidade.
   Embora a corrupção retratada em "Tropa de Elite 2" esteja diretamente relacionada aos Poderes da República, não se pode deixar de notar que aludidos Poderes nada mais são que figuras regidas por representantes eleitos pelo povo, o que nos remete à origem do problema: a má formação educacional de determinados individuos.
    Daí observamos que, em verdade, não são o Executivo, o Legislativo e o Judiciário os vilões da República Federativa do Brasil, e sim a própria sociedade brasileira, que, em sua grande maioria, vê como "normal", e é habitué de ilicitudes consideradas corriqueiras, como a pirataria, avanço de sinais de trânsito, ultrapassagens pelo acostamento, sonegação de impostos, e por aí vai.
   Temos como lição extraida de "Tropa de Elite 2" que, mesmo adotando as soluções trazidas por "Capitão Nascimento", como a extinção da Polícia Militar, a ala corruptível da sociedade brasileira sempre encontrará uma forma de fazer valer seus interesses pessoais em detrimento da coletividade.
   Isso não significa que as ilegalidades não devam mais ser combatidas. Pelo contrário, precisamos de um Ministério Público e de um Judiciário cada vez mais atuantes na repressão aos delitos já praticados.
   Contudo, de nada adiantará o combate eficiente se não começarmos a investir na educação dos futuros brasileiros, com o intuito de mudarmos uma enraizada "cultura de vantagem".
   Sou, e aprendi com meu pai, a ser uma otimista inveterada. Apesar de todos os esquemas de corrupção avistados diariamente nos noticiários, é certo que este grande mal acomete nosso país há muitos e muitos anos. A diferença é que, hoje, temos uma imprensa investigativa e livre (mesmo com algumas forças tentando impedi-la), e isso, associado a um eficiente e íntegro Ministério Público, são armas fortes no combate às ilegalidades praticadas não só pelos representantes eleitos pelo povo, mas também pelo próprio povo.
   No entanto, a mudança mais eficaz, sem sombra de dúvidas, será a longo prazo, quando percebermos que a educação é a base de tudo.
  

O Início: do começo ou do fim?

   O título deste post é uma referência não só à primeira de muitas postagens do Bloguettini, mas também uma remissão aos questionamentos desta blogueira no que se refere (inspiração by Dilma Roussef!) à passagem do tempo. Sim, porque os anos passam, a idade vem, e com ela muitas dúvidas, frustrações e glórias surgem.
   A idéia central do blog, de uma forma geral, é trazer à lume discussões e reflexões acerca dos principais temas da semana, notadamente os relacionados à política, à moda, e aos conflitos experimentados por todos nós no dia-a-dia.
   E, sem sombra de dúvida, a celebração de mais um ano de vida, para muitos, é um destes temas incômodos, que causam aquele aperto no coração do qual estamos sempre fugindo. Sim, porque, ao contrário do que pensa a maioria das pessoas, a completude de mais um aniversário pode vir a significar, para alguns, o início do fim, ou seja, menos um ano em sua gloriosa existência. Não deixa de ser uma forma mórbida de encarar esta data tão festiva, mas, infelizmente, muitos a enxergam desta maneira.
   Fato é que, semana passada, completei mais um ano de vida, diga-se de passagem, muito bem vivida até aqui. Mas uma sensação estranha tomou conta de mim. Eu, que sempre amei meu aniversário (por mim faríamos uma festa nos 6 meses que antecedem nossa data de nascimento, e outra no grande dia!), fui acometida do mal do "pessimismo-quase-crônico", que costuma invadir a alma de muita gente.
   Daí comecei a pensar em tudo o que presenciei até aqui, nas coisas que deixer de viver e experimentar, e, de repente, me dei conta de que eu não passo de uma trintona (na verdade, agora 31...) frustrada, mal amada, e invejosa. Pois é, meu senso crítico sofreu uma verdadeira pane, e começou a exigir de mim coisas que eu nunca, sequer, havia pensado, e, naquele instante, eu não era mais a pessoa que pensava ser.
   Não que jamais tivesse passado pela minha cabeça o sentimento de frustação por ainda não ter construido nada de concreto para a minha vida (quando fiz 30 anos, me senti uma Bridget Jones versão thin), mas ao fazer 31, parece que o choque foi bem maior.
   É difícil para uma mulher de 31 anos parar, e perceber que tudo aquilo que planejou a vida inteira para acontecer não se deu da forma como ela imaginava. No meu caso, sempre fui uma mulher sonhadora, quase "viajante", e talvez isso se devesse ao fato de eu ter nascido no dia do aviador...não sei, pode ser! Mas mesmo que não seja, não posso negar a minha natureza "flutante". Por um lado, isso é bom; os sonhos nos mantém vivos, e nos ajudam a lutar por aquilo que almejamos. Mas por outro...
   A este outro lado me refiro, quando observo que todos os meus planejamentos a longo prazo não se consumaram. Por exemplo, aos 13 anos, imaginava que, com 30, já estaria casada, seria mãe de 3 filhos, e muito bem sucedida profissionalmente. Enquanto as meninas daquela idade pensavam em como seria seu primeiro beijo, seu primeiro namorado, sua primeira transa, eu já me via esposa, mãe, e mulher de sucesso em todos os sentidos. E hoje, ao traçar um paralelo entre as garotas que viveram cada dia de uma vez e eu, vejo que aquelas são, na atualidade, muito daquilo que eu pensava ser, ao passo que eu ainda moro com meus pais, recebo mesada, e não tenho emprego. Pra piorar, nem mesmo um namorado de verdade eu tenho hoje. Decepcionante, não?
   Tudo isso, adicionado à ressaca provocada pelo casamento da minha irmã, tornou meu aniversário, este ano, uma grande decepção.
   Como se não bastasse, completar 31 anos me fez perceber que, daqui a menos de 10 anos, vou ter 40! Nossa, eu tenho pouco mais de 9 anos para me realizar profissionalmente, namorar, casar, e ter 3 filhos! Isso, obviamente, de acordo com as concepções estabelecidas por mim na adolescência, né?! De qualquer maneira, naquele fim de semana, a única coisa em que conseguia pensar era que me faltava pouco tempo para atingir metas e realizar sonhos que, em grande parte, não dependem só de mim.
   Você, que está lendo este post agora, não consegue imaginar como eu sou uma pessoa alto astral, de bem com a vida, feliz. Mas afirmo que mesmo pessoas como eu são, de vez em quando, possuidas pelo mal do "pessimismo-quase-crônico", geralmente em alta nos períodos de maior fragilidade, como TPMs, semanas antes de aniversários, etc.
   E sabe a qual conclusão cheguei depois do "surto"?
   Percebi que, apesar de todos os meus planos terem ido por água abaixo, nunca é tarde para começar a fazer aquilo que gostamos, para lutar por aquilo que consideramos correto, enfim, para ser feliz! Planos são apenas planos, que nem sempre se consumam da forma como desejamos; é possível, inclusive, que se concretizem de uma maneira muito melhor, vai saber?!
   Eu seria extremamente ingrata se não agradecesse todos os dias pela pessoa que sou, e por tudo o que tenho, de família a amigos, de conforto à qualidade de vida. Não devemos nunca diminuir nossas conquistas, ainda que mínimas, por conta de coisas e situações que não temos e não vivemos.
   Deixo, aqui, por considerar muito apropriados, os ensinamentos de meu pai, inspirado na "Hilander" Dercy Gonçalves: "Envelhecer é maravilhoso; a outra opção é a morte".
   A outra lição: não assistam novelas!
   Bem-vindos ao Bloguettini!
   Viva la vida!!!