quinta-feira, 28 de outubro de 2010

"Missão dada é missão cumprida!"

   Esta semana fui ao cinema assistir a "Tropa de Elite 2".
   Além do filme, em si, ser maravilhoso, não podemos deixar de lado o pano de fundo da película estrelada, brilhantemente, por Wagner Moura: a corrupção que assola todos os entes da federação, em todas as esferas de Poder.
   Nunca devemos generalizar nossos discursos, pois, ainda que em minoria, sempre há alguém que se salva no antro de ilegalidade e sujeira que se tornaram Executivos, Legislativos e Judiciários de todo o país; isso seria, no mínimo, injusto com aqueles que tentam, embora infrutíferamente, lutar contra os desmandos de tão potente corja.
   Mas não podemos deixar de observar que a corrupção, no Brasil, foi, é, e, muito provavelmente, continuará sendo o grande mal da nossa sociedade, tudo isso por uma questão cultural.
   Aqui, desde cedo, aprendemos a chamada "cultura do se dar bem". Ainda criança nos ensinam que a vida em sociedade é cruel, e, por isso, devemos estabelecer formas de nos destacar perante os demais, não importando em que bases faremos isso.
   E, neste momento, a educação dada pelos pais se mostra imprescindível. O quadro acima descrito é o que vemos de maneira geral, nas ruas, nas escolas (muitas vezes), e nas rodas de amigos. Mas os ensinamentos oferecidos pelos pais aos seus filhos têm o poder de contrabalançar os males da realidade, e, por isso, são primordiais às crianças e adolescentes em formação.
   Temos a obrigação de ensinar aos nossos filhos que a luta por um lugar ao sol, quer na vida profissional, quer na pessoal, deve pautar-se em princípios ético, morais e de honestidade, ainda que olhemos para o lado e vejamos indivíduos agindo contrariamente a estes padrões. Só assim eles estabelecerão limites entre certo e errado, e poderão conduzir toda a sua vida de relação em preceitos dignos e respeitosos.
   No entanto, infelizmente, na atualidade,não é isso que se observa em grande parte das famílias brasileiras.
   E, aqui, não me refiro somente às classes menos abastadas da população, mas também, e principalmente, àquelas que acreditam que colocar seus filhos em escolas trilingues, ao custo mensal de R$ 3.000,00, as isenta de qualquer responsabilidade educacional e social. Hoje, com muita frequencia, vemos pais outorgando o dever de educar, que lhes é inerente, às instituições de ensino, por acreditarem, sinceramente, que isso, por si só, será suficiente à conferir uma considerada "boa educação" a seus filhos. Ledo engano!
  Não há qualquer dúvida que os ensinamentos conferidos no âmbito familiar, assim como as demonstrações de afeto e carinho na mesma entidade, são de suma importância à formação de adultos conscientes politica e socialmente.
   Por certo, a boa educação familiar não nos exime de ver pessoas, cujas origens nela se pautam, seguirem o chamado "mau caminho". Há, neste aspecto, o fator índole, que acredito estar presente em alguns casos. Entretanto, isso não afasta a necessidade, e, sobretudo, a obrigação de ensinarmos nossas crianças a conduzirem suas vidas sob o manto da legalidade, solidariedade e dignidade.
   Embora a corrupção retratada em "Tropa de Elite 2" esteja diretamente relacionada aos Poderes da República, não se pode deixar de notar que aludidos Poderes nada mais são que figuras regidas por representantes eleitos pelo povo, o que nos remete à origem do problema: a má formação educacional de determinados individuos.
    Daí observamos que, em verdade, não são o Executivo, o Legislativo e o Judiciário os vilões da República Federativa do Brasil, e sim a própria sociedade brasileira, que, em sua grande maioria, vê como "normal", e é habitué de ilicitudes consideradas corriqueiras, como a pirataria, avanço de sinais de trânsito, ultrapassagens pelo acostamento, sonegação de impostos, e por aí vai.
   Temos como lição extraida de "Tropa de Elite 2" que, mesmo adotando as soluções trazidas por "Capitão Nascimento", como a extinção da Polícia Militar, a ala corruptível da sociedade brasileira sempre encontrará uma forma de fazer valer seus interesses pessoais em detrimento da coletividade.
   Isso não significa que as ilegalidades não devam mais ser combatidas. Pelo contrário, precisamos de um Ministério Público e de um Judiciário cada vez mais atuantes na repressão aos delitos já praticados.
   Contudo, de nada adiantará o combate eficiente se não começarmos a investir na educação dos futuros brasileiros, com o intuito de mudarmos uma enraizada "cultura de vantagem".
   Sou, e aprendi com meu pai, a ser uma otimista inveterada. Apesar de todos os esquemas de corrupção avistados diariamente nos noticiários, é certo que este grande mal acomete nosso país há muitos e muitos anos. A diferença é que, hoje, temos uma imprensa investigativa e livre (mesmo com algumas forças tentando impedi-la), e isso, associado a um eficiente e íntegro Ministério Público, são armas fortes no combate às ilegalidades praticadas não só pelos representantes eleitos pelo povo, mas também pelo próprio povo.
   No entanto, a mudança mais eficaz, sem sombra de dúvidas, será a longo prazo, quando percebermos que a educação é a base de tudo.
  

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